terça-feira, 17 de novembro de 2009

A Autoridade Suprema das Escrituras



Uma pessoa que pesa 60 quilos aqui no Brasil, tem o mesmo peso na Itália, na Alemanha, nos EUA. A medida é única em todo o mundo, é padrão e ninguém discorda. Imagine se alguém falar que uma pessoa que pesa 60 quilos, do ponto de vista dela pesa 120; ela pode “achar” que o peso é 120 quilos, pode insistir e não aceitar a medida certa, mas a opinião dela não vai alterar o peso real de 60 para 120 quilos.
=>A medida é um padrão, foi estipulado há muito tempo para evitar confusão, para que as pessoas possam ser orientadas onde quer que estejam. Geração após geração, pessoas nascem e morrem, e o padrão permanece o mesmo, independente do ponto de vista individual de cada um; quando eu nasci já existia um padrão, depois que eu morrer, não vai mudar.
=>Quanto á vida espiritual, também existe um padrão, que também não muda, independente da opinião individual; vamos analisar este padrão.
O 4º parágrafo do 1º capítulo da Confissão de fé de Westminster diz o seguinte:
“A autoridade da escritura sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.”
O que isto quer dizer? Quer dizer que, por ser divinamente inspirada, ela é verídica em todas as suas afirmativas; fonte infalível de informação, a única regra infalível de fé e prática.
Mas não essa não é idéia de um grupo de reformadores, temos base na própria Bíblia para esta afirmação.
A base bíblica para a autoridade das escrituras pode ser notada de duas formas: inferencial (por dedução) ou direta.
ð Inferencial
Inferencial por decorrer do ensino bíblico a respeito da inspiração. Visto que a escrituras não são produto de mera inquirição (reunião de fatos e depoimentos) de seus autores (2 Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do Espírito Santo (2 Pe 1.21, 2 Tm 3.16), deduzimos que são autoritativas.
Cada autor, com suas peculiaridades, sua influência cultural e momento que viveu, escreveu o que Deus ordenou. A superintendência do Espírito Santo não eliminou as características e peculiaridades individuais; por outro lado, as características e peculiaridades não prejudicaram em nada a revelação divina.
O fato é que, por procederem de Deus, as escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas,, fiéis, retas, puras,duram para sempre, verdadeiras, justas e santas (Sl 19.7-9 e 2 Tm 3.15).
ð Direta
Além de podermos deduzir que as escrituras têm autoridade divina, temos diversos textos que reivindicam autoridade suprema.
Os profetas do antigo testamento introduziam suas profecias com as “fórmulas proféticas” (Assim diz o senhor, ouvi a palavra do Senhor, palavra que veio da parte do Senhor), como podemos conferir em Oséias 1,1; Joel 1,1; Isaías 1,2, Obadias 1,1. No Novo testamento, a autoridade apostólica evidencia a autoridade suprema das escrituras (1 Ts 2,13 – Gl 1.8-12). Jesus também atesta a autoridade suprema das escrituras (MT 4.4;7;10 / Jo 10.35).
Hoje porém, a exemplo do que já aconteceu, a autoridade das escrituras sofre usurpações e limitações. Vejamos rapidamente alguns exemplos:
Usurpações
Pelo Tradicionalismo
Tradições não são em si mesmas ruins. Porém tronam-se abomináveis quando as pessoas acreditam que elas têm autoridade igual ou superior às escrituras.“Ler Mc 7.1-13”
Hoje podemos ver isto nas várias tradições que algumas igrejas usam, nos livros apócrifos, decisões conciliares e outros, que líderes usados por satanás apregoam ter validade sagrada.
Pelo Emocionalismo
Quantas vezes vemos pessoas dizendo que receberam uma revelação de Deus, movidas por suas próprias emoções e sentimentos, usam termos como iluminação espiritual, revelação divina, visões e sonhos para impor suas próprias idéias. Há relatos até mesmo de pessoas que dizem que não precisam da Bíblia, sua “experiência” espiritual é mais importante. Contraditório, pois se não conhecermos a Bíblia, não existe possibilidade de termos uma experiência espiritual verdadeira.
Pelo Racionalismo
Quando é dada uma ênfase exagerada à razão (raciocínio), a autoridade da Palavra de deus é suplantada. Espacialmente nos 2 últimos séculos, o desenvolvimento científico e tecnológico aumentou a soberba humana, dificultando ainda mais a aceitação da palavra de Deus, especialmente no que diz respeito a milagres, eternidade e tudo o que não pode ser comprovado cientificamente (mesmo a ciência sendo tão falível e mutável).
Limitações
Vejamos como a autoridade das escrituras pode sofrer limitações em três principais aspectos: origem, certeza e escopo.
Origem
A autoridade das Escrituras encontra-se na sua autoria divina. A teologia liberal, porém, nega a origem divina, afirmando que as escritura são produto de discernimento dos seus autores. Sua autoridade seria então humana, e não divina, devendo ser determinada pelo julgamento da razão crítica, ou seja, teríamos a capacidade de repensar os ensinamentos, escolhendo o que nos convém, conforme nosso ponto de vista.
Certeza
A certeza de que as escrituras são Palavra de Deus e, portanto, possui toda a autoridade, provém da ação do espírito Santo em nós. O homem natural não aceita a autoridade das escrituras, pois em seu estado de pecado perdeu a capacidade original de compreender coisas espirituais.
A autoridade das escrituras independe de acreditarmos ou aceitarmos tal fato.
A neo-ortodoxia prega que a revelação da Bíblia só é verdade divina quando fala ao nosso coração; em outras palavras, que a Bíblia não “é” a palavra de deus, mas “torna-se” Palavra de Deus quando a aceitamos.
Escopo (ou abrangência)
Há ainda alguns que pregam que a autoridade das Escrituras abrange apenas o que diz respeito á salvação, porém é impossível separar qualquer área da nossa vida que não esteja relacionada á salvação (trabalho, estudos, ética, moral). Aceitar tal ensinamento deixaria a razão humana acima da autoridade da Bíblia, pois nesse caso, o homem escolheria determinar o que é ou não propósito de salvação em sua vida.
A interpretação da Palavra de Deus independe da nossa opinião, o entendimento do que Deus nos quis revelar depende unicamente da ação do seu Santo Espírito em nossas vidas.
Meditação baseada no artigo do Pastor Paulo Angala, publicado na revista Fides Reformata, em 1997.
Deus seja louvado pela instrumentalidade do seu servo!